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A crueldade das boas intenções

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.03.22

protestos russia.jpg

São Petersburgo (24/02/2022)

No frenesim de apoiar os ucranianos, que defendem o seu país da invasão da Rússia, um estado ditatorial imposto por Putin, estão a atingir-se proporções assustadoras no que diz respeito à massificação do espectáculo que é a solidariedade e às boas intenções dos povos democráticos.

Mas, como em tudo, não há bons e maus, heróis e vilãos, por muito que seja isso o que a inundação mediática nos faz crer. O mundo livre, nomeadamente os países da União Europeia e os EUA, combate a Rússia, não os russos.

No mundo livre e democrático, ninguém deve ser obrigada a dizer quais as suas opções políticas. Ninguém deve ser perseguido pelas suas opiniões ou pelo silêncio sobre elas.

Considero uma aberração, compreensível, mas não deixando de o ser, as várias manifestações de bulling à comunidade russa portuguesa, tal como aos intelectuais que não se declaram contra a invasão e contra Putin. Num país em que o uso da palavra guerra é considerado traição, parece-me incrível que os corajosos intelectuais ocidentais, sentados confortavelmente nas suas sociedades livres e democráticas, julguem aqueles que pagam com a sua liberdade e a sua vida a manifestação de discordância perante o poder autocrático de um ditador.

Ainda por cima vindo de tantos que, por exemplo em Portugal e durante a ditadura, tiveram que assinar documentos em que negavam ser comunistas ou participar em actividades subversivas para que pudessem manter o emprego.

A liberdade deve ser para todos, de se manifestarem ou de não se manifestarem. Tenho as maiores dúvidas sobre os boicotes culturais e sobre a condenação de quem não expressa o que, subitamente, se tornou na nova verdade inquestionável e soberana. Tenho as maiores reticências à censura de canais de televisão e de agências de informação.

Tenho um enorme cepticismo sobre estas ondas mediáticas intensíssimas e fugazes, que se arriscam a soçobrar perante o peso do ruído omnipresente.

Tenho uma enorme desconfiança a tantos postos de trabalho já disponíveis a quem foge da guerra. Será que já se esqueceram dos médicos, engenheiros, professores, músicos e tantos outros técnicos qualificados que, durante anos, alimentaram a mão de obra barata da construção civil e do serviço doméstico, sem que o país lhes reconhecesse as competências e pudesse oferecer-lhes os empregos correspondentes às suas qualificações?

Há muita crueldade nestas ondas mediáticas de apoios, julgamentos e solidariedades, muitas vezes postiças e fúteis. Espero que esteja enganada, pois esta guerra vai durar e destruir ainda muitas vidas. E nós vamos esquecer depressa as boas intenções e regressar rapidamente às nossas vidas em que o medo do outro e o preconceito são reis.

A não ser que também façamos parte da destruição. E mesmo na dor e no sofrimento, a solidariedade é uma rara ocorrência.

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publicado às 17:43

Solidariedade com a Ucrânia

Contra a guerra

por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.02.22

solidariedade ucrania.jpg

Público

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publicado às 19:10

Linhas vermelhas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 26.02.22

pcp russia ucrania.jpg

A reacção do PCP à invasão da Ucrânia pela Rússia é inqualificável.

Afinal, aquela voz interior que sempre me murmurou ao ouvido que a aliança entre o PS e o PCP era estranha e contra natura, pois o PCP é um partido com tiques antidemocráticos e o PS é um partido fundador da democracia, tinha razão.

Na verdade aquilo que pensei ser passado voltou a grande velocidade - a cegueira ideológica do PCP que, para defender o indefensável, não se envergonha de negar as evidências.

E por isso eu própria me envergonhei. Durante os últimos seis anos esqueci esses mesmos tiques antidemocráticos e aceitei um governo apoiado pelo partido que defende Putin e o passo de gigante que deu para um conflito armado mundial.

Realmente é preciso traçar linhas vermelhas. E o PCP ultrapassou-a.

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publicado às 19:37

A inacreditável Guerra

por Sofia Loureiro dos Santos, em 24.02.22

guerra ucrania.jpg

Público

Acordámos hoje para uma realidade que não acreditávamos pudesse acontecer.

Para mim é muito difícil não estar assustada. Sabemos como e quando as guerras começam mas não sabemos quando e como acabam.

Lembramos a incredulidade das I e II Guerra Mundiais, os acontecimentos que ninguém julgava possíveis, o agudizar de conflitos em que ninguém acreditava.

Não sou crente. Não tenho fé na boa vontade dos Homens nem na bondade de um Deus inexistente.

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publicado às 19:23

Ainda não votou?

por Sofia Loureiro dos Santos, em 30.01.22

Banner_LEGISLATIVAS_TWITTER.jpg

As urnas estão abertas até às 19h00. Ainda tem tempo.

Não se atrase. Mais tarde está mais frio. E pode preparar a sua noite eleitoral.

Computadores e televisões a postos, umas coisas para trincar, outras para bebericar, e gente com quem discutir.

Não se atrase. É tempo de ir votar.

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publicado às 16:05

Hoje é dia de festa democrática

por Sofia Loureiro dos Santos, em 30.01.22

assembelia republica.jpg

Está um dia lindo.

Pode começar com uma saudável caminhada, em direcção à mesa de voto.

Pode continuar com um saudável convívio social, encontrando pessoas e vizinhos que não vê desde o último acto eleitoral.

Pode depois fazer uma almoçarada cheia de quinoa e alface, abacate e semelhantes iguarias gastronómicas, acompanhadas de vários sumos detox, com amigos e familiares, onde discutirá a salvação do mundo.

Pode ainda acabar o dia a comemorar ou a suspirar, com champanhe ou imperiais, vaticinando brilhantes ou negros futuros.

Há lá perspectiva mais aliciante que esta!

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publicado às 10:19

Espalhem a notícia (*)

onde votar

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.01.22

Podemos ir ao https://www.recenseamento.mai.gov.pt/

onde votar.jpg

Ou escrever um SMS (grátis) para o número 3838 escrevendo:

RE xxxxxxxx xxxx/xx/xx

número do BI ou CC

data de nascimento em formato AAAA/MM/DD

(*) Título de uma extraordinária canção de Sérgio Godinho, aqui pelos Clã.

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publicado às 11:14

É seguro votar

ou como o voto é o seguro da democracia

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.01.22

 

escafandros.jpg

Votar é seguro.

Não haverá pestes que nos peguem nem que espalhemos. Não haverá alienígenas nanométricos que nos matem, nem que nos empapem o cérebro.

Depois da inexcedível reflexão a que estamos sujeitos, grave e alegremente omnipresente no dia de hoje, mesmo para quem já votou, que pode sempre reflectir em como devia ter votado de outra forma, podemos pegar no escafandro e ir exercer o nosso direito e dever.

Podemos munir-nos de canetas, máscaras, viseiras, chapéus, luvas, mantas, plásticos, podemos levar biombos, o que melhor impedir de deixar o medo entrar.

Que o medo é bem mais perigoso que vírus, bactérias ou fungos. O medo é o que mais rápida e profusamente nos domina.

O medo mina a democracia.

Ao Voto!

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publicado às 11:02

A uma semana das eleições

por Sofia Loureiro dos Santos, em 23.01.22

legislativas 2022.jpg

 

A vitória de qualquer dos maiores partidos, PS ou PSD, é possível.

Tal como vaticinei aqui, Rui Rio beneficia de um élan de vitória e de seis anos de uma governação socialista dificílima nos últimos dois.

A derrota do OE abriu caminho à mudança, pelo cansaço e pela quebra de confiança, que penso quase inevitável, entre governantes e governados. Ao contrário de muitos jornalistas e comentadores, que começam a cavalgar a hipótese da vitória social democrata, começando a posicionar-se e a encontrar na estratégia de António Costa as razões de uma eventual derrota socialista, não me parece que seja esse o problema.

Teremos umas eleições disputadíssimas e espero que essa percepção possa motivar os cidadãos ao voto. Votar é mesmo aquilo que importa. Votar em massa, sem medo de COVID-19 ou de outras maleitas.

A maior peçonha é mesmo a abstenção, a descrença e o descrédito. A democracia faz-se todos os dias e só funciona se nós quisermos.

Tudo está em aberto. Por muito difícil que o futuro seja, com a nossa participação será mais fácil. E se há coisa que a pandemia demonstrou foi a importância, a força, a adaptabilidade e a indispensabilidade dos serviços públicos.

Por isso...............

............................ao voto!

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publicado às 11:44

O Debate

por Sofia Loureiro dos Santos, em 15.01.22

debates.jpg

(desenhos do Observador)

Por isso estes debates assumiram a importância que estão a ter. Penso que os pequenos partidos não ganharão muitos votos, nomeadamente o PAN, a IL e o Livre, mas podem fortificar os seus eleitores e tentar evitar o voto útil.

O BE e a CDU estão têm tido a dificuldade óbvia de justificar o injustificável, que foi o chumbo do OE e a consequente crise política, sem a qual não estaríamos à beira de eleições legislativas. Os discursos são sempre os mesmos, mais teatral o BE, mais artesanal a CDU.

Serviram também para irem desmontando o acervo de mentiras, insultos, xenofobia, sexismo e racismo da parte do Chega, cuja prestação se está a transformar naquilo que, de facto, é - um saco cheio de coisa nenhuma.

Mas o debate foi aquele entre António Costa e Rui Rio, como o provaram as audiências. Nele ouviram-se dois possíveis Primeiro-ministros que, com seriedade e elevação defrontaram duas formas diferentes de pensar o País. Talvez não radicalmente diferentes, mas diferentes.

É claro que em momentos distintos estiveram menos bem, mas nada que fizesse perigar o resultado - os eleitores têm uma escolha entre o centro-direita e o centro-esquerda. Penso que a bipolarização foi a grande conclusão: ou António Costa, ou Rui Rio.

Falta saber se conseguiram esclarecer a enorme horda de indecisos e abstencionistas existente. Isso só dia 30 de Janeiro saberemos.

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publicado às 18:38


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