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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Passou uma semana desde o dia das eleições presidenciais. A demissão de Rui Pereira tem sido pedida todos os dias, com aumento de tom e de intensidade.
Como disse no próprio dia das eleições, considero lamentável que tenha havido pessoas, muitas ou poucas, que tenham tido dificuldade em votar por incúria dos respectivos departamentos estatais, seja por problemas técnicos, seja por não terem previsto e acautelado a situação, seja por não terem efectuado o que se lhes tinha determinado. Como é óbvio, é urgente que se apurem responsabilidades para que se possa actuar em conformidade.
Quando se fala de responsáveis tem que falar-se no Ministro da Administração Interna, responsável por tudo o que acontece sob a alçada do seu ministério, de bom e de mau. Mas acho estranho que, para além do CDS que pediu de imediato a sua demissão, o PSD tenha vindo, primeiro sugerindo depois exigindo a mesma demissão.
Em primeiro lugar seria importante saber se houve pessoas verdadeiramente impedidas de votar, e quantas, ou se houve dificuldade em votar, sentindo-se as pessoas dissuadidas por não quererem o desconforto da espera, etc. Não só porque é diferente, mesmo em termos de legalidade do acto eleitoral, como pelo possível significado em termos de resultados eleitorais. Já ouvi falar Paulo Rangel de dezenas de milhar de eleitores impedidos de votar. Se assim foi ainda mais me espanta que os partidos políticos não peçam a repetição do acto eleitoral. Porque se houve pessoas impedidas de votar, para além de tornar a eleição inválida é um problema gravíssimo que, aí sim, exigiria a demissão imediata do Ministro.
No entanto, se o caso foi o desconforto da espera e da confusão, levando as pessoas a desistirem de votar, embora o pudessem ter feito, apesar de grave e lamentável, não me parece que seja obrigatória a demissão do Ministro. É obrigatória a urgente conclusão do inquérito (e todos desconfiamos das urgências dos inquéritos) para que, posteriormente, o Ministro Rui Pereira analise a melhor forma de assumir a sua responsabilidade política.
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