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Empobrecimento (1)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 28.06.09

 

Vale sempre a pena ouvir de fio a pavio as entrevistas dos políticos em vez de ouvir apenas o que os comentadores comentam sobre as entrevistas. Tal como aconteceu com José Sócrates, Ana Lourenço conduziu uma entrevista tranquila e sem sobressaltos a Manuela Ferreira Leite.

 

Manuela Ferreira Leite, candidata a Primeira Ministra à frente do PSD, repetiu à exaustão, em toda a entrevista alguns sound bites, como ela gosta de dizer: o endividamento do país, a sua enormíssima preocupação, o empobrecimento do país, e que iria fazer diferente de José Sócrates. Como e em que situações, ninguém ficou a saber.


Sobre os investimentos mais uma vez repetiu que os grandes investimentos (leia-se TGV, aeroporto, 3ª travessia do Tejo e …, não sei mais) não combatem a crise e que não podem ser efectuados por causa do endividamento do país. É claro que o facto de o governo já ter dito e repetido que estes investimentos não servem para combater a crise, mas que são estruturantes e essenciais para a sua modernização e preparação para o futuro, não interessa nada. É melhor repetir a faláciaa verdade de Manuela Ferreira Leite. Quanto ao facto de serem investimentos que já foram resolvidos e combinados há décadas, por vários governos, também não interessa nada. É preciso estudar mais, reavaliar outra vez, porque não têm elementos sobre estes assuntos. Não esqueçamos que não há qualquer economista credível que não concorde com ela. As barragens, como já estão em andamento, já não é possível parar, senão…

 

Claro que o combate ao défice só existiu porque existe défice por culpa do Eng.º Guterres, e se não fosse o governo de Durão Barroso ele estaria muito pior, porque como todos sabemos, Manuela Ferreira Leite só não resolveu as contas públicas porque não teve tempo. E o Eng. Sócrates, que em dois anos reduziu o défice à custa das receitas (disse Manuela Ferreira Leite), com um abalozinho de terra que é esta crise, estragou-se logo tudo.

 

Manuela Ferreira Leite quer é salvar as pequenas e médias empresas, tratando-lhes da tesouraria e, aí sim, indicou uma medida – o estado deve pagar as suas dívidas às empresas, com a qual, aliás, estou totalmente de acordo. Não aumentará os impostos e baixa-los-á logo que lhe for possível. Quais e como e quando não sabe.

 

Em relação à nacionalização do BPN acha que foi precipitada e feita em cima do joelho porque havia alternativas, embora não tenha falado de uma única. Já no que diz respeito ao BPP (cuja falência, como calculamos, causaria um muito maior impacto do que a do BPN, tanto pela altura em que ocorreria como pelas repercussões que teria, muito superiores com o BPP do que com o BPN, sem qualquer dúvida) acha que é uma questão muito preocupante por causa da confiança no sistema financeiro e cito de cor: Não entregamos os nossos filhos a qualquer pessoa nem entregamos o nosso dinheiro a qualquer banco. É claro que o governo agiu horrivelmente mal e que não tomou as devidas providências, tendo-se calado durante 8 meses. Perguntada como teria ela resolvido o problema, ficámos a saber que não se teria calado durante 8 meses…

 

O problema dos apoios sociais é um assunto de que começou a falar há cerca de 1 ano, muito antes do Eng.º Sócrates. O que faria diferente? O mínimo é fazer em vez de dizer que faz, porque não sabe de onde vem o dinheiro que é anunciado pelo Eng. Sócrates. Fará algo com transparência. O quê e como, também não especificou.

 

Terminou com a sua grande preocupação de cidadã pelo facto de haver uma empresa com accionistas, das quais um é o Estado, que se propõe fazer um negócio ruinoso, segundo Manuela Ferreira Leite, pagando por uma empresa 150 milhões de euros com o único objectivo de calar uma voz incómoda na TVI, ou seja duas, a de José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes, porque quer controlar aquele órgão de informação.

 

Confusos? Defraudados? Não desanimem. Em Julho será publicitado o programa de governo, que não será um calhamaço que ninguém lê. Estarão lá as respostas ao que fazer com a educação – estatuto da carreira docente, avaliação de desempenho, aulas de substituição, inglês obrigatório no 1º ciclo, reorganização das escolas coo o fecho das que tinham menos de 10 alunos; relativamente à saúde – reorganização das urgências e dos cuidados primários de saúde, investimento nos genéricos, manutenção da universalidade do sistema, parcerias público privadas, etc., etc., etc.

 

Apenas temos a certeza de que irá rasgar o que foi feito. E que não julga as pessoas, principalmente quando se chamam Dias Loureiro.

 

Há outra certeza, mas esta é minha – não quero Manuela Ferreira Leite como Primeira Ministra.
 

 

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publicado às 13:08


6 comentários

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De Ernestina a 28.06.2009 às 16:01

O que Ferreira Leite disse sobre o controlo da TVI é , no mínimo, chocante.
Quem retirou Marcelo da TVI foi Santana Lopes, então primeiro-ministro. Esse mesmo Santana Lopes que acaba de apontar como "exemplo" a seguir.
Diz e desdiz-se. Mostrou que não se importa de recorrer a falsidades. Qualquer meio lhe serve para atingir os fins da propaganda. Está a revelar-se uma mulher sem escrúpulos. Ainda pior do que eu pensava. Em São Bento?! Livra!
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De escrevinhadora a 28.06.2009 às 16:17

Nem eu! ;)
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De assis a 28.06.2009 às 17:38

como o que está dar é cascar em sócrates (era mais correcto chamar-lhe cruzada contra sócrates ) disse-se tudo sobre o estilo do sócrates na entrevista e nada sobre a manela . a vóvó manela não diz nada a não ser crítica negativa "que não pode ser assim". sobre como é que tem de ser, nada diz mas os jornalistas também não insistem. se os portugueses querem ser governados por aqueles que só sabem criticar e nada fazer é lá com eles. a crise internacional foi de facto um presente caído do céu para o psd (e restante oposição).
o que estará em causa em setembro é saber se queremos um país dinâmico e progressivo, a antecipar as mudanças internacionais, ou se queremos um país parado gerido por uma senhora idosa com visão passadista. esta senhora aparece retratada por comentadores como se tivesse aparecido agora pela primeira vez aos 70 anos. mas ela já fez parte de governos, ela foi vice-primeira ministra ainda não há muito tempo. e esse governo o que fez? foi estático, sem chama, não implementou medidas. lembram-se de alguma? nada! lembram-se de algum investimento, digamos de valor acima de 100 milhões, que esse governo tenha trazido para portugal ? nada. lembram-se do que era a instabilidade na galp e na edp , se ficava ou não com o gás natural? em qualquer país onde estivesse em causa uma escolha semelhante à nossa a primeira coisa a fazer pelos analistas encartados seria a comparação entre o governo actual e o anterior. e porque é que os comentadores não o fazem? porque objectivamente o actual governo foi muito melhor que o anterior (em todas as áreas, talvez com excepção da justiça onde poderia e deveria ter feito mais) e os comentadores ou reconheciam isso, o que era uma chatice, ou eram intelectualmente desonestos e não o conseguiriam esconder.
pois é. a grande tarefa dos defensores do actual governo é reavivar a memória dos portugueses e jogar ao ataque. dizer que as exportações com sócrates cresceram a 10% ao ano antes do aparecimento da crise quando anteriormente andavam nos 1%, dizer que nesses anos de inacção o diferencial da economia relativamente à economia dos nosso parceiros foi brutal (contraímos 1% em 2003 contra uma expansão de 4% da espanha ). este é o dever de todos aqueles que acreditam no futuro e que o futuro não se antecipa olhando para o passado.
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De Fernando Frazao a 28.06.2009 às 22:38

Já somos dois Sofia, já somos dois a não querer...
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De mdsol a 28.06.2009 às 22:44

Eu nem para primeira, nem para segunda nem para nada. De facto, tal como a Sofia bem comenta no seu post, MFL pouco ou nada diz de substancial. Parece-me manifesta a sua incapacidade para agarrar o país num tempo tão difícil como este.
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De Odete Pinto a 29.06.2009 às 22:58

Safa!
Sofista mais sofista, não há.

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