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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Ontem vi um pouco de um programa, na RTP2, em que pessoas de vários países, idades e culturas discorriam sobre o que era, para elas, a felicidade. Há uns dias, provavelmente há uma semana, deparei-me com o mesmo programa mas em que o tema era o medo.
Gostaria de, pegando nas palavras de Henrique Fialho quando respondeu ao desafio que lhe fiz, olhar para os livros de poesia que não chegam às 161 páginas, pequenos, estreitos, misteriosos, simples, em que o deslumbramento começa no título, continua na textura do papel, no perfume das emoções que se desprendem quando nos apropriamos das palavras, e colher deles um poema sobre estes temas ou outros.
E assim poderá, se quiserem (Henrique Fialho, Luís Filipe Cristóvão, Dona Gata, Eugénia de Vasconcellos, André Couto e Cláudia Santos Silva), começar outra corrente, em que serão retiradas das pilhas periclitantes que se derramam atrás das portas, encostadas às paredes, aquelas pequenas gotas de alma que ficam connosco, mesmo quando nos esquecemos delas.
Para começar, talvez porque as cicatrizes nos ensinam a ultrapassar a dor e a impotência, escolho como primeiro tema o tempo:
Esta manhã dói-me mais do que é costume
A pele
As escarificações
As cicatrizes
Doeu-me a noite de laços e espuma
Dói-me o teu corpo deitado
O silêncio
Os gritos em feixe
Dentro de mim.
Manual para Amantes Desesperados
Editorial Caminho, 2007
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