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Em falta

por Sofia Loureiro dos Santos, em 31.01.11

 

 João Jacinto

 

Cortaram os ramos da árvore

em frente à minha janela.

Sei que apenas eu a via

filtrando luz e vento

estendendo folhas e pássaros.

 

Terei que desenhar verdes e troncos

usar os dedos como moldes

semear a imagem que falta

em frente da minha janela.

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publicado às 12:50

Holocausto

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.01.11

 

 

 

Já não são corpos já não são gente

bonecos desarticulados em posições angulosas

sem cabelos dentes carne.

São ossos que nos furam a alma

palhaços tristes trapos imundos

daqueles que se erguem como máquinas

impenetráveis aos nossos olhos

daqueles para quem a morte se engole

com o pão de todos os dias.

 

Já não são corpos já não são gente

são vozes que de todos os cantos do mundo

gritam e choram para sempre.

 

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publicado às 21:35

Com que voz

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.01.11

Luís de Camões & Alain Oulmain

Amália Rodrigues

 

 

Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.

Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, poi se mudou
em tisteza a alegria do passado.

Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé que a sofre e sente.

De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.

 

 

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publicado às 16:17

Do apuramento de responsabilidades

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.01.11

 

Passou uma semana desde o dia das eleições presidenciais. A demissão de Rui Pereira tem sido pedida todos os dias, com aumento de tom e de intensidade.

 

Como disse no próprio dia das eleições, considero lamentável que tenha havido pessoas, muitas ou poucas, que tenham tido dificuldade em votar por incúria dos respectivos departamentos estatais, seja por problemas técnicos, seja por não terem previsto e acautelado a situação, seja por não terem efectuado o que se lhes tinha determinado. Como é óbvio, é urgente que se apurem responsabilidades para que se possa actuar em conformidade.

 

Quando se fala de responsáveis tem que falar-se no Ministro da Administração Interna, responsável por tudo o que acontece sob a alçada do seu ministério, de bom e de mau. Mas acho estranho que, para além do CDS que pediu de imediato a sua demissão, o PSD tenha vindo, primeiro sugerindo depois exigindo a mesma demissão.

 

Em primeiro lugar seria importante saber se houve pessoas verdadeiramente impedidas de votar, e quantas, ou se houve dificuldade em votar, sentindo-se as pessoas dissuadidas por não quererem o desconforto da espera, etc. Não só porque é diferente, mesmo em termos de legalidade do acto eleitoral, como pelo possível significado em termos de resultados eleitorais. Já ouvi falar Paulo Rangel de dezenas de milhar de eleitores impedidos de votar. Se assim foi ainda mais me espanta que os partidos políticos não peçam a repetição do acto eleitoral. Porque se houve pessoas impedidas de votar, para além de tornar a eleição inválida é um problema gravíssimo que, aí sim, exigiria a demissão imediata do Ministro.

 

No entanto, se o caso foi o desconforto da espera e da confusão, levando as pessoas a desistirem de votar, embora o pudessem ter feito, apesar de grave e lamentável, não me parece que seja obrigatória a demissão do Ministro. É obrigatória a urgente conclusão do inquérito (e todos desconfiamos das urgências dos inquéritos) para que, posteriormente, o Ministro Rui Pereira analise a melhor forma de assumir a sua responsabilidade política.

 

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publicado às 16:13

Flexi-segurança

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.01.11

 

Em tempo de elevado desemprego, predominantemente de gente nova e qualificada, apercebemo-nos de que são necessárias alterações à forma como entendemos a segurança no trabalho, a produtividade, a formação, a avaliação de desempenho. É incompreensível que se sacrifique a possibilidade de ter pessoas empenhadas, trabalhadores qualificados e motivados, a uma noção de emprego vitalício independente da prestação de quem o detém, tão caro ao nosso sindicalismo.

 

No entanto não consigo perceber o objectivo de reduzir as indemnizações aos trabalhadores despedidos, em número de dias pagos por mês de trabalho e no máximo de meses pagos (12). Da parte dos empregadores mantém-se o paradigma de pagar pouco, cada vez menos, investir pouco, cada vez menos, reivindicar os apoios do estado, apelidando-o de gastador e demasiado interventor, reivindicar redução de impostos e, por fim, poder despedir pessoas com muitos anos de casa com uma indemnização simbólica.

 

Não entendo como é possível dinamizar assim o mercado laboral. Deve ser uma redundância da flexi e um downgrade da segurança.

 

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publicado às 13:46

Janeiro

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.01.11

 

Joseph Farquharson: Winter Breakfast

 

 

O corpo pede-me cama. Sábado pede-me preguiça. Janeiro pede-me cobertores, modorra e torradas.

 

Faço-lhes a vontade.

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publicado às 13:19

Que o privado se mantenha privado (de dinheiros públicos)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 26.01.11

 

Sobre os protestos dos professores, pais, alunos e donos dos colégios privados, vou citar o Besugo:

 

Tenho cismas mais ou menos semelhantes sobre o Ensino Privado e os Cuidados de Saúde Privados: se são privados e se gostam - e se há tanta gente que gosta deles assim - que façam o favor de prosseguir nessa privada senda e continuem a fazer justiça ao seu bom nome, que se mantenham privados (sobretudo privados de dinheiros públicos).

 

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publicado às 21:47

Manuel Alegre

por Sofia Loureiro dos Santos, em 24.01.11

 

 

 

Manuel Alegre assumiu com clareza a derrota da noite. Sem ambiguidades nem desculpas, Manuel Alegre mostrou também o seu carácter. É nestes momentos que sabemos quem são as pessoas de bem. Podemos discordar violentamente delas, mas não deixamos de as aplaudir. E é também nessas horas amargas que a solidão deve doer mais. A sala do Altis estava muito vazia e a noite acabou demasiado cedo.

 

Não estive com Manuel Alegre nesta campanha, mas estive com ele na emoção de ontem, e presto-lhe a minha homenagem pela coragem e pelo serviço que prestou ao país.

 

Adenda: Que fique claro que considero um serviço ao país o facto de haver pessoas a candidatarem-se a cargos públicos. Tal como Fernando Nobre, Francisco Lopes, José Manuel Coelho e Defensor de Moura.

 

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publicado às 21:33

Sophia de Mello Breyner Andresen

por Sofia Loureiro dos Santos, em 24.01.11

 

 

Exposição na Biblioteca Nacional de Portugal (26 de Janeiro) e Colóquio Internacional (27 e 28 de Janeiro) na Fundação Calouste Gulbenkian. A complexidade na luz e na claridade, a simplicidade da grandeza e da profundidade de alguém que era todos os nomes num só.

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publicado às 18:52

Assapada

por Sofia Loureiro dos Santos, em 24.01.11

 

Hoje fui assapada pelo sapo. Mesmo não compreendendo a razão, só posso agradecer o destaque (penso que imerecido).

 

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publicado às 18:45

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