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Da dignidade

por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.05.09

 

Impossível não nomear o assunto do dia, que já o deveria ter sido há bastante mais dias: a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado.

 

Nã está em causa a culpabilidade ou a inocência de Dias Loureiro, na embrulhada do BPN, nem está em causa o facto de um país inteiro ter estado a ouvir o manancial de acusações a várias pessoas que Oliveira e Costa fez, nem a credibilidade do próprio Oliveira e Costa.

 

É uma questão de dignidade individual e de dignidade da função exercida, tal como acontece com Vítor Constâncio, tal como acontece com Lopes da Mota.

 

Honra seja feita a esta comissão de inquérito parlamentar, que está a fazer o trabalho da justiça. Alguém que o faça.

 

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publicado às 21:02

Primeiro round

por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.05.09

 

A campanha para as eleições europeias começou, ou seja continuou, sob o signo das legislativas.

 

Nada que tenha a ver com a Europa, política europeia, tratado de Lisboa, Parlamento Europeu, federação de Estados, Turquia, etc., tem sido totalmente eclipsado pelo ataque à política do governo PS, a crise, cartazes horrorosos, demagogia e populismo quanto baste.

 

Se quisesse votar de acordo com as minhas opções em relação à Europa, nunca poderia votar no PS e no PSD, pois ambos defendem as mesmas coisas (pelo que adivinhamos e vemos na prática).

 

Mas ninguém está minimamente interessado nas eleições europeias. O resultado das eleições de Junho será interpretado como o primeiro round e uma sondagem à boca das urnas para as legislativas.

 

Sendo assim, um mau resultado para o PS (que o merecia em matérias europeias) será um péssimo começo para as legislativas, dando uma oportunidade ao PSD de criar uma onda de vitória que lhe escapa. Portanto, só me resta desinteressar-me das europeias e responder à sondagem de Junho.
 

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publicado às 22:37

Procedimentos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.05.09

 

Sempre me habituei a ler as crónicas de António Barreto com muito interesse e respeito, por longos anos de opiniões descomprometidas e, quanto a mim, certeiras e honestas, como setas em alvos, e muitas vezes incómodas.

 

De há algum tempo para cá tem assumido um estilo semelhante a Medina Carreira, ou seja está tudo mal, tudo horrível, nada tem conserto.

 

Particularmente a última crónica que publicou no Público deixou-me tão desconfortável, tão espantada pelo arrazoado de opiniões desconexas, desfasadas e ultrapassadas, numa tal cegueira e em contradição com o que já defendera, que nem sei o que pensar.

 

Os manuais de procedimentos têm vantagens e desvantagens, que podem ser transformadas em ridículo sempre que se queira. Mas são feitos para que haja uniformidade nos procedimentos, para que as normas sejam idênticas e cumpridas da mesma forma por toda a gente. É um dos objectivos de quem está perante uma prova, ter as informações o mais detalhadas possível, todos perante as mesmas circunstâncias. Em qualquer laboratório são essas normas e esses manuais que garantem que todos procedam seguindo os mesmos rigorosos critérios, permitindo resultados fiáveis e reprodutíveis.

 

Quanto à forma como António Barreto se refere aos professores e à sua cruz diária, à dificuldade do ano e ao autoritarismo da Ministra, foi a melhor maneira de deitar para o lixo qualquer hipótese de reforma que contrarie o poder instalado na escola pública, fantástica que estava e tem estado nestes últimos 30 anos, em rigor, exigência, disciplina, etc.

 

A crónica de António Barreto demonstra, mais uma vez, que alguém que se queira importar e lutar para mudar qualquer coisa., tem a total incompreensão de todos, mesmo de quem sempre defendeu precisamente o caminho de maior exigência e melhor trabalho nas escolas.

 

Foram feitos erros, sem dúvida, mas assistimos, nesta legislatura, a uma honesta tentativa de exigir mais e melhor da escola, talvez a única desde o 25 de Abril.
 

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publicado às 22:23

Papéis

por Sofia Loureiro dos Santos, em 24.05.09

 

(pintura de Aili Schmeltz: radar)

 

Não sei se começamos com papéis
ou acabamos nos papéis
pela força das palavras
dos riscos dos nomes que abraçamos.
Não sei se foram folhas de papel
ou o papel que representamos
o que fomos ou que somos
uns dos outros perdidamente
demoradamente suspensos de uma voz
de um aperto de ânsia
quando nos vemos.

 

Não sei se a estrada o ar
a terrível desumanidade do tempo
nos dá tempo para encontrar
os papéis que colamos às mãos
e que usamos para nos renovar.
 

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publicado às 16:15

(In)Segurança policial

por Sofia Loureiro dos Santos, em 23.05.09

 

Assistimos a um julgamento por violência policial, embora tenhamos, mais uma vez, ficado defraudados com o tipo de penas aplicadas – suspensa, sempre suspensa. Todas as violências são horríveis, mas esta é particularmente arrepiante, porque as forças policiais deveriam proteger os cidadãos, não ameaçá-los.

 

Leonor Cipriano foi espancada na cadeia, em interrogatórios, sabendo nós que não foi seguramente a primeira nem será a última. Claro que as Leonores Ciprianos não têm advogados nem autoridades internacionais para zelarem pelos seus interesses, como aconteceu com os pais da desaparecida Madeleine McCann, que foram julgados e trucidados na praça pública, como agora é hábito fazer-se.

 

Como sempre é quem menos meios tem que fica mais vulnerável. Espero que este seja o primeiro de muitos julgamentos que condenem a violência e a impunidade praticadas nas esquadras.

 

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publicado às 21:00

Alice

por Sofia Loureiro dos Santos, em 23.05.09

 

 

Tom Waits & Kathleen Brennan

 

 

It's dreamy weather we're on
You waved your crooked wand
Along an icy pond with a frozen moon
A murder of silhouette crows I saw
And the tears on my face
And the skates on the pond
They spell Alice

 

I disappear in your name
But you must wait for me
Somewhere across the sea
There's a wreck of a ship
Your hair is like meadow grass on the tide
And the raindrops on my window
And the ice in my drink
Baby all I can think of is Alice

 

Arithmetic arithmetock
Turn the hands back on the clock
How does the ocean rock the boat?
How did the razor find my throat?
The only strings that hold me here
Are tangled up around the pier

 

And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice
I fell through the ice
Of Alice

 

And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice
I fell through the ice
Of Alice
There's only Alice
 

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publicado às 18:44

Jornalismo? (2)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 23.05.09

 

O caso das declarações de Lopes da Mota, que na semana passada teria admitido que tinha invocado o nome do Ministro da Justiça e do Primeiro-ministro, na conversa com os seus colegas magistrados, seguindo-se, na semana seguinte, de declarações de Lopes da Mota a desmentir categoricamente tais invocações e tal reconhecimento, baralha e aumenta a sensação de quem lê de que está a ser manipulado.

 

O Freeport já não interessa, mas continuam a sair notícias sobre os negócios da família de Sócrates. Tudo vale para desacreditar Sócrates e tentar enrolá-lo em assuntos ilegais, mesmo que já não tenham nada a ver com o original – o suposto suborno.

 

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publicado às 15:54

Jornalismo? (1)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 23.05.09

 

Estive à espera de ver a totalidade da entrevista de Manuela Moura Guedes a Marinho e Pinto para perceber o porquê das acusações de Marinho e Pinto.

 

Independente do estilo, Marinho e Pinto mostrou de novo a sua fibra. Neste momento poucos se atrevem a denunciar o mau jornalismo, porque é muito desagradável ser difamado e julgado na praça pública, por pessoas que se assumem como arautos da verdade quando servem agendas políticas. É o caso de Manuela Moura Guedes e da cruzada contra Sócrates. Marinho e Pinto destapou muitas panelas e a pressão está a sair por todo o lado. Claro que Marinho e Pinto é um urbano-rústico e, portanto, para os bacanos, indigno de ser Bastonário da Ordem dos Advogados.

 

Este é o vídeo da entrevista total (via Troca o Passo). É verdadeiramente extraordinária.

 

(post actualizado)

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publicado às 15:26

Os fins e os meios

por Sofia Loureiro dos Santos, em 20.05.09

 

Não consigo vislumbrar nenhuma razão, nenhuma justificação, nenhuma forma de considerar algum atenuante para o que se ouve na tal famosa gravação que duas alunas fizeram de uma aula, numa escola do ensino básico, em Espinho, a não ser a insanidade mental da Professora.

 

Por outro lado incomoda-me muito que o método usado seja um meio ilícito. Não podemos ignorar que é proibido, para além de pouco ético, a utilização de gravações sem autorização de quem está a ser gravado. Os fins não podem justificar os meios e é um perigo que comecemos a funcionar assim.

 

Mas pelo que se percebe pela história contada pelos media já teria havido tentativas de denúncias de irregularidades que não foram atendidas.

 

E aí, eu gostava de saber onde está o verdadeiro trabalho jornalístico. Há quantos anos trabalha esta professora? Em que escalão está? Que tipo de avaliações foram feitas ao seu trabalho e qual o seu resultado? O que fizeram os seus colegas, comissões pedagógicas, conselhos directivos e comissões de pais? Onde está o garante do bom funcionamento da escola pública, defendida à exaustão pelos representantes dos professores? Como é possível haver uma professora destas a ensinar?

 

De facto, mesmo achando um perigo a violação das liberdades para a denúncia de determinadas situações, que outras diligências foram feitas e como foram encaminhadas? Será que foi esta a única hipótese que aquelas alunas tiveram de ser ouvidas?

 

Gostaria muito de ver algum jornal ou rádio tentar responder a estas perguntas, em vez de repetirem ad nauseum a gravação. Mas no fundo, é mesmo só isso que interessa.

 

Também há outra coisa que faz pensar. No caso em que uns alunos gravaram uma batalha campal com uma professora por causa de um telemóvel notou-se uma grande vontade por parte de alguns sectores políticos, em defender os alunos e em considerar a professora inapta. Desta vez parece estar a acontecer o contrário, focalizando-se o assunto na ilegalidade da gravação e no facto de alguns alunos a considerarem uma professora bestial . Curioso.

 

Melhor ainda é o aproveitamento deste episódio para ligar a legislação sobre educação sexual e a distribuição de preservativos. Já não bastava termos as confissões religiosas do costume a tentarem impor a sua ideia do que é a escola pública.

 

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publicado às 23:13

Ciência e mistificação

por Sofia Loureiro dos Santos, em 16.05.09

 

 

Sempre que se anuncia uma pandemia ou a possibilidade de disseminação de uma doença infecciosa com mortalidade preocupante, perante o desconhecido há inúmeras teorias da conspiração.

 

Não é que elas não sejam interessantes e que não sejam excelentes guiões para filmes, excelentes ideias para livros de ficção científica, policiais e de espionagem.O facto das empresas envolvidas na investigação e comercialização de antivirais ganharem com as pandemias de gripe, não as transforma obrigatoriamente em grupos de malfeitores a soldo do capital, modificando geneticamente vírus assassinos, intencionalmente ou por negligência.

 

Já me chegaram por e-mail várias notícias sobre uns trabalhos interessantíssimos sobre a associação entre a doença de Alzheimer, a esclerose múltipla e o uso de adoçantes artificiais, divulgados pela Dra. Mancy Marckle. Claro que fui ao PUBMED pesquisar estes artigos mas não encontrei nada, mas mesmo nada, sobre este assunto.

 

Em relação ao vírus H1N1 também me enviaram um vídeo do Dr. Leonard Horowitz que defende que este vírus é o resultado de uma fabricação laboratorial, uma mistura entre os vírus da gripe comum, da gripe suína e da gripe aviaria, para aumentar os lucros das empresas que vendem vacinas e antivirais.

 

O Dr. Leonard Horowitz também defendeu que o vírus Ébola e o HIV teriam sido fabricados pelo governo dos EUA na preparação da guerra biológica e de genocídios. Nada ficou provado e a credibilidade deste Dentista não abunda. Mais uma vez não há registo de artigos científicos (PUBMED).

 

Finalmente um investigador australiano, Adrian Gibbs, fez um relatório em que levanta a suspeita de este vírus ter sido criado acidentalmente, em experiências para desenvolver vacinas. É suficientemente credível para desencadear uma resposta da OMS, que já afirmou não haver indícios nem provas de que isso pudesse ter acontecido.

 

Bem sei que queremos explicações para tudo, sobretudo aquelas que afastam a hipótese de haver coisas que o Homem não controla. Mas convém ser cauteloso e aceitar que os vírus, as bactérias, o magma, as placas tectónicas, os tornados, os terramotos, não são controláveis por nós.
 

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publicado às 22:46



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