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Memória

por Sofia Loureiro dos Santos, em 28.02.08
Lento segredo
que me sopra o vento
enquanto passeio pela casa
e visito a memória
das asas que guardei.

(fotografia de Susanna Frohman: wings)

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publicado às 21:44

Do circo

por Sofia Loureiro dos Santos, em 28.02.08
As piruetas que algumas pessoas são capazes de dar deveria catapultá-las para o circo.

E, convenhamos, Luís Filipe Menezes tem sido dos melhores artistas. Ontem estava ao lado do representante da FENPROF, na justa luta dos trabalhadores da educação, hoje alinha pela exclusividade de funções dos médicos.

Eu sempre defendi isso, exclusividade para quem trabalha no sector público e exclusividade para quem trabalha no sector privado. E já fui acusada de perigosa comunista por esse mesmo motivo. Mas da boca de Luís Filipe Menezes nunca tal tinha ouvido.

Espantados devem estar Correia de Campos e Pedro Nunes.

Palavras para quê?

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publicado às 21:11

Suspeições

por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.02.08
Fui acompanhando a suspeita levantada por FAL, do Corta-Fitas, e alimentada por outros, de que o blogue Câmara Corporativa seria de um grupo de pessoas que se nomeavam Miguel Abrantes, que esse grupo seria pago pelos nossos impostos com o objectivo de defender o governo.

Em primeiro lugar, os assessores do governo têm tanto direito a ter blogues, individuais ou colectivos, com pseudónimos ou não, como FAL, eu, ou o grupo do Corta-Fitas. Em segundo lugar, parece que, afinal, até há pessoas que conhecem Miguel Abrantes e que afiançam que ele não é assessor do governo.

E, no entanto, assunto tão quente, polémico e ensurdecedor, emudeceu repentinamente. Será que o FAL e o CAA já se esclareceram? E não quererão, tão publicamente com acusaram, pedir desculpa?

Ou será que não se pode concordar com o governo?

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publicado às 23:01

Variedades

por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.02.08
Tenho andado um pouco afastada das lides bloguísticas, televisivas, debatentes, todas as lides que não sejam trabalhar.

Mesmo assim, como acordo com a TSF a berrar o furo jornalístico do dia, vou percebendo que a vida continua e o mundo gira, para lá das paredes que me rodeiam.

Assim, independentemente da jurisprudência, gostava de perceber a lógica de fazer pagar como horas extraordinárias as aulas de substituição, ou seja, ocupação das crianças e jovens adolescentes na escola, dentro da sala de aulas, com actividades lectivas, quando um professor falta, o que devia ser, mas todos sabemos que não é, uma excepção, por professores dentro do seu horário de trabalho. Escapa-me.

E mais gostaria de saber o que os professores, aqueles que são bons professores, que se esforçam por ensinar em turmas que não têm alunos escolhidos, aqueles que não são os mais velhos e portanto que ficam com os horários piores, com os alunos repetentíssimos, aqueles professores que são exigentes, que se esfolam por ensinar, o que é que estes professores sentem quando alguns dos representantes sindicais rebentam de satisfação por haver uma suspensão judicial do processo de avaliação do desempenho.

Porque as reformas são indispensáveis, mas não são estas, são outras, as avaliações são muito importantes, mas não estas, outras seguramente muito melhores, o estatuto da carreira docente, sim senhor, mas este não serve, outro é que devia ser.

Também me passou de raspão aquele que a TSF considerou ser um dia histórico: o dia da substituição de Fidel Castro, oh grande surpresa, pelo seu irmão Raul Castro, há 40 anos ministro da defesa de Cuba. Mais uma vez, fez-se história da banalidade informativa.

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publicado às 22:41

Promessa

por Sofia Loureiro dos Santos, em 22.02.08
Chuva invisível
calçada de pedras
sussurra romance
em rios se perde.

Promessa sem pele
abafa de vento
fecha sentidos
por nada se quebra.

Arrumo olhares
desfaço e remendo
diluo na chuva
o que arde por dentro.

(pintura de Lowwell Fox: rian on the lagoon/gray rain)

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publicado às 21:47

A crise que vem de longe

por Sofia Loureiro dos Santos, em 22.02.08
Tanta preocupação com o mal estar da sociedade portuguesa, com a crise larvar da sociedade portuguesa, com a dissociação da sociedade portuguesa, começando a emergir Generais que ouvem intenções de revolta e que não sabem se têm capacidade para aguentar psicologicamente este estado de coisas, e grupos de cidadãos que, à esquerda e à direita, avisam, avisam, avisam que a situação está muito negra e quase a rebentar, já é um bocado repetitiva. Além disso faz-me lembrar as várias pessoas e as inúmeras conversas da mesa de café que asseguram, desde há cerca de 20 anos, a propósito do estado do SNS, que isto pior já não pode ficar, isto já bateu mesmo no fundo.

Estes grupos de cidadãos tiveram e têm responsabilidades políticas e profissionais que, em muitos aspectos, terão ajudado à descredibilização dos políticos e da causa pública e da Justiça, assim como à indiferença generalizada.

Tal como espero que o movimento de esquerda que se está a organizar no PS, sob a batuta de Manuel Alegre, clarifique as suas opções e proponha alternativas às políticas que estão a ser seguidas, esperaria que o documento da SEDES dissesse qualquer coisa de concreto, em vez de frases grandiloquentes com verdades e diagnósticos que todos estamos cansados de conhecer. Mas os últimos parágrafos não são de molde a animar essa minha esperança.

Assim só nos resta continuar a descrer, a mal-estar, a descoesivar, a encrisar e escrever textos sobre… o estado a que isto chegou. O melhor é criarmos movimentos larvares para desminar difusamente a nossa apática sociedade civil.

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publicado às 21:23

Desafio

por Sofia Loureiro dos Santos, em 17.02.08
Esta foi a minha tentativa de resposta ao desafio que me foi lançado pela Gisela Cañamero. Não sei se era exactamente o que pretendia, mas foi o que me ocorreu.

Quanto ao seguimento da corrente, desafio todos os blogues que o quiserem fazer. É simples (!): escolham doze palavras de que gostem, expliquem o que elas vos sussurram, e passem a outros.

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publicado às 20:02

Doze

por Sofia Loureiro dos Santos, em 17.02.08
Doze meses
doze horas
doze badalos
no peito
doze nozes
doze vozes
doze nós
a desfazer
doze bocas
doze brincos
doze olhares
crucificados
doze pedras
doze chagas
que abri
doze Cristos
doze Judas
doze vezes
repeti
doze velas
acesas
doze mantos
sagrados
doze beijos
doze mundos
que guardo
para ti.

(pintura de Janet Carney)

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publicado às 19:59

Movimentos cívicos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 17.02.08
O movimento cívico que se uniu à volta da candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República foi importante e tinha um objectivo: as pessoas não se reviam em nenhum dos candidatos, e as que estavam mais ligadas à esquerda, não gostaram da forma como o candidato apoiado pelo PS foi escolhido - pelas cúpulas do partido sem atenção ao que a tão falada sociedade civil pensava. Nesse sentido o movimento cívico tinha uma alternativa, um objectivo e lutou por ele.

O movimento cívico que se gerou em volta da candidatura de Helena Roseta à Câmara de Lisboa teve exactamente a mesma lógica: uma significativa parte de apoiantes e militantes do PS, e não só, não perceberam a forma como foi escolhido o candidato oficial do PS e Helena Roseta protagonizava uma alternativa com objectivos claros e programa definido para a presidência do município.

A corrente política que se gera à volta de Manuel Alegre, dentro do PS, não se percebe se tem e qual é o seu objectivo estratégico, qual as alternativas que propõe nem o que pretende alcançar.

Se é a discussão política interna do PS, o debate de ideias num partido governamentalizado, a proposta de soluções concretas ao que se considera errado e mal conduzido, sacudindo o imobilismo de uma situação política em que não há oposição, é estimulante e indispensável.

Mas as declarações de Manuel Alegre são dúbias, difíceis de interpretar, algures entre a chantagem, a bravata e as previsões catastrofistas. A ameaça de se o desafiarem vai às urnas no país, não se entende.

Que significa isto? Se a discussão é dentro do partido, para abrir janelas e arejar ideias, se as alternativas são construtivas e exequíveis, porque não disputa Manuel Alegre a liderança do PS? Se ameaça ir às urnas no país, quer dizer que vai criar outro movimento de opinião que o apoie a concorrer ao lugar de Primeiro-Ministro, visto que as suas propostas serão diferentes e partilhadas por muitos cidadãos anónimos, dentro e fora do PS? Mas para isso é mesmo necessário que haja propostas concretas, políticas alternativas, objectivos sustentados e uma estrutura que demonstre a possibilidade de os atingir, caso a eleição seja alcançada.

Ou então, embora o negue veementemente, está em embrião a criação de um novo partido, situado à esquerda do PS. Estamos em democracia e as formações partidárias, tal como os movimentos de cidadãos, têm toda a importância. Mas, mais uma vez, qual o programa, os estatutos, os princípios, as propostas concretas para o governo, alternativas a este PS que apelidam de neoliberal?

Este caminho é pantanoso, muito pouco claro e gostaria que Manuel Alegre (que admiro e que apoiei), assim como quem o rodeia nesta tentativa de refundação da esquerda, medite bem nas consequências de gestos e palavras grandiloquentes mas sem consistência. O que está em jogo é um modelo de sociedade e um conjunto de valores que devem ser aplicados no terreno, nas circunstâncias de hoje, com os problemas económicos, de desemprego e desigualdade sociais muito resultantes do fenómeno da globalização, do regresso dos fundamentalismos religiosos, da tutela da democracia no que diz respeito à liberdade de expressão de pensamento, como é exemplo a proibição de um cartaz de publicidade no metro de Londres, com uma pintura com um nu feminino, desafios totalmente diferentes dos que existiam há 30 há 30, 20, 10 ou 5 anos.

Se há propostas eu gostaria de as conhecer, propostas concretas: o que fazer na educação, na saúde, na justiça, como enfrentar o fenómeno do desemprego e das desigualdades sociais, como aumentar o crescimento económico, como lidar com o fenómeno da imigração, da violência, do terrorismo, como manter um sistema de reformas e pensões justo e digno.

Se estas existem e não tiverem cabimento no PS, então Manuel Alegre que o demonstre e que lute por um lugar de Primeiro-Ministro para as colocar em prática. Se não quer sair do PS, que esclareça de uma vez por todas o que quer dizer com ir a votos no país.

Se não, a única coisa que me ocorre é que estamos perante um fenómeno de populismo pseudo esquerdista, que ninguém sabe o que pretende e ninguém sabe onde irá parar. Mas a experiência do PRD, desses impolutos justicialistas, não foi muito interessante.

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publicado às 12:48

Conchas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 14.02.08
Guardo conchas do tempo de flores
entre os dentes desejos
tatuados

guardo o prumo do fio que somos
entre os dedos sentidos
inflamados

guardo letras da vida que somamos
entre a pele os sonhos
desenhados.

(pintura de Christina Snyder Doelling: Orchids Emerging)

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publicado às 19:38

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