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por Sofia Loureiro dos Santos, em 31.12.05
(pintura de Susan Nares)

Nos últimos dias de todos os anos,
por entre os despojos do que somos,
prometemos heróis de futuro,
acertamos certezas e vitórias,
novas e iluminadas almas.

Que venha chuva,
muita e fria água,
que lave as nódoas do que fomos.

Para o ano, talvez....

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publicado às 22:30

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por Sofia Loureiro dos Santos, em 30.12.05
Neste imenso bocejo colectivo, o país assiste à dança palaciana e ridícula em que se transformou a luta política.
Volta a cabeça, e tenta acreditar no novo ano, esperando que seja diferente.



(pintura de Raquel Martins)

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publicado às 16:04

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por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.12.05

No século XXI e na europa civilizada, estão difíceis as relações entre o mundo laboral e os patrões, sejam eles entidades privadas ou o estado.
O sindicalismo, tal como o conhecemos durante as últimas décadas, tende a desaparecer. Neste momento o trabalho é um bem escasso e precioso, de forma que quem reivindicar muito, nesta europa que tantas organizações tem a defender os direitos humanos, pode perder o seu ganha-pão, porque há sempre pessoas em determinados países, em que não existem sindicatos a exigir horários, remunerações condignas e direito ao descanso, que estão dispostas a trabalhar a um preço reduzido e em más condições. É claro que as empresas e os governos do mundo civilizado fecham os olhos a essas condições e a esses cidadãos, a bem da globalização, a bem do mercado, etc.
Por isso, o movimento sindical tem que se adaptar, modernizar e, principalmente, lutar por condições e remunerações realistas.
Considero intolerável a pressão que o governo fez sobre os trabalhadores da Autoeuropa, que raiou a chantagem do tipo "ou se portam bem ou os alemães fecham a fábrica e deslocalizam", quando o sindicato, os trabalhadores e a direcção da empresa têm dado mostra de grande empenho e realismo em todas as negociações, tendo-as sempre levado a bom termo.
Considero igualmente intolerável os sindicatos da função pública começarem a negociar o aumento dos salários com percentagens de 3,5 a 5%!!! É absolutamente inacreditável que, com os limites orçamentais que todos conhecem, o elevado número de funcionários públicos existentes e o fraco desempenho da nossa administração, se inicie a negociação neste nível.
Dá a sensação que o objectivo era acusar o governo de não querer negociar e de querer impôr um aumento irrisório (o que, aliás, é verdade).
Continuamos no país do faz-de-conta: o governo finge que negoceia com os sindicatos, os sindicatos fingem indignação reivindicativa.
A intervenção do presidente???? Dos candidatos a presidente????
(pintura de Leslie Duxbury)

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publicado às 17:16

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por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.12.05
Cavaco Silva prepara-se para governar a partir de Belém.
Já se permite sugerir a existência de novos secretários de estado, que acompanhariam de perto as empresas estrangeiras, para as dissuadir de "deslocalizarem". Não pretende, diz ele, substituir o governo mas "é bom não esquecer que há a legitimidade que o presidente tem pelo facto de ser eleito directamente pelo povo". Isto tudo numa entrevista dada ao Jornal de Notícias, hoje.
Não sei é se Sócrates vai achar piada. Até porque me parece que se um nunca se engana e raramente tem dúvidas, o outro nunca tem dúvidas e raramente se engana.
Embora não me pareça, como a Mário Soares e a Jorge Coelho, que Cavaco Silva tenha como objectivo fazer oposição ao governo, para dissolver a Assembleia e dar o poder ao PSD, temo que a eleição de Cavaco Silva possa pôr em causa a estabilidade política, porque se vão confrontar dois primeiros-ministros: um com poderes executivos legitimados pelo voto, outro legitimado pelo voto, assumindo poderes sobre-executivos.

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publicado às 16:41

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por Sofia Loureiro dos Santos, em 26.12.05
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...

Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...

(poema de Alberto Caeiro; pintura de Glenda Dietrich)

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publicado às 22:17

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por Sofia Loureiro dos Santos, em 26.12.05
Ressaca natalícia. Tempo para digerir doces e encontros familiares, dos que se gostam e dos que não se gosta, mensagens e telefonemas, muito, muito ruído de fundo.
Para cada um de nós, que suspiramos por um canto silencioso e calmo, com chá e um bom livro, é quase doloroso retirar o que de essencial permanece. Nestes dias em que tão poucos têm tanto, em que se esbanja, se exibe e pouco de verdadeiro se dá, fica-nos um travo amargo no centro desta abundância.
Para o ano será diferente. Para o ano.
(S. José e Jesus)

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publicado às 15:23

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por Sofia Loureiro dos Santos, em 23.12.05

Amanhã vai haver confusão e correria,
filhós, rabanadas e aletria.

Amanhã é a véspera de outro dia.



Havemos de sobreviver a mais este Natal.

(vitral do Carmelo da Santíssima Trindade, em Spokane, Washinton)

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publicado às 22:01

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por Sofia Loureiro dos Santos, em 22.12.05
Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


(poema de Alexandre O'Neill; pintura de Bual))


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publicado às 00:08

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por Sofia Loureiro dos Santos, em 21.12.05
Não pude ver o debate entre Mário Soares e Cavaco Silva. Apenas vi excertos, no resumo da SIC notícias.
Considero absolutamente inaceitáveis e "envergonhantes" as declarações de Mário Soares relativamente à performance de Cavaco Silva nas reuniões da Comissão Europeia. Pelos vistos, o nosso presidente prestava-se à má língua internacional, em vez de defender a postura do primeiro ministro.
Realmente, Cavaco Silva é rígido, esfíngico, socialmente pouco à-vontade, não deve ser uma companhia interessante. E depois?
Talvez Cavaco Silva pudesse ter dito, se tivesse o nível de Mário Soares, que o excelentíssimo presidente dormia e ressonava nas mesmas reuniões.
Que tristeza!

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publicado às 17:28

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por Sofia Loureiro dos Santos, em 19.12.05

O luar quando bate na relva
Não sei que coisa me lembra...
Lembra-me a voz da criada velha
Contando-me contos de fadas.
E de como Nossa Senhora vestida de mendiga
Andava à noite nas estradas
Socorrendo as crianças maltratadas...

Se eu já não posso crer que isso é verdade
Para que bate o luar na relva?



(poema de Alberto Caeiro; pintura de Denise Driscoll)

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publicado às 22:30

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