por Sofia Loureiro dos Santos, em 23.02.07
Quando se fala tanto no fim dos jornais generalistas, quando se discute qual a orientação a dar à informação, se deve ser factual ou interpretativa, se deve haver artigos de opinião ou artigos aprofundados sobre assuntos específicos, eis que nos deparamos com exemplos do que é um péssimo serviço prestado às populações, ao jornalismo e aos jornais.
No DN oline o título desta notícia “Confirmada relação entre tinha e tumores”, para além de ser um enorme disparate em termos científicos, só pode alarmar as pessoas que, nalguma ocasião, tiveram ou terão tinha.
A tinha é uma infecção da pele, provocada por diversos tipos de fungos, contagiosa, que se classifica de acordo com a localização no corpo e se trata com antimicóticos. Mas, há cerca de 40, 50 anos, usavam-se radiações para tratar alguns tipos de tinha (tinha do couro cabeludo, com irradiação da cabeça e pescoço). Sabendo-se, hoje em dia, que as radiações aumentam a probabilidade de se desenvolverem alguns tipos de cancro (pele, tiroideia, etc), o IPATIMUP está a desenvolver um projecto de investigação que consiste em determinar se houve aumento da incidência destes tipos de cancros (ou outros) em doentes que tenham recebido tratamentos com radiações para tratar a tinha, pensa-se que cerca de 53.000 crianças, no Porto e arredores.
Tudo isto está explicado no artigo, ou seja, não é a tinha que está relacionada com tumores, mas sim as radiações usadas para tratar a tinha.
Para assunto tão comichoso foi intitulado de uma forma bem tinhosa!
(tinea capitis – hifas e esporos)